Apagão entra de vez na eleição de São Paulo e vira foco de atrito entre Lula, Tarcísio e Nunes | Política

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A tempestade e o apagão em São Paulo se tornaram um foco de atrito entre o Palácio do Planalto e os governos municipal e estadual, controlados pela oposição. O confronto ocorre no momento em que Guilherme Boulos (Psol), o candidato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disputa o segundo turno da eleição paulistana contra o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que tenta a permanecer no cargo. Com mais de 500 mil consumidores sem luz até esta segunda-feira (14), o tema tornou-se central na campanha.

“Que a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor, do Ministério da Justiça) possa, inclusive, reunir informações que eventualmente tenha recebido também de situações de omissão de governos locais”, disse Padilha a jornalistas no Palácio do Planalto.

No início da tarde, em entrevista coletiva, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius Carvalho, disse que o governo notificará a prefeitura de São Paulo para que apresente as providências tomadas para encerrar o apagão, que já dura três dias, além da questão da poda de árvores.

“O que não pode em uma situação como esta é ficar um jogo de empurra entre a prefeitura e a concessionária para ver quem é responsável por podar árvore. Evidentemente, você tem uma situação em que a prefeitura tem o seu planejamento de poda de árvore, tem que levar em consideração as questões relacionadas ao risco dessas árvores caírem”, disse Carvalho. “Isso é função básica de zeladoria de qualquer prefeitura do país. E a companhia concessionária também tem a sua responsabilidade de eventualmente identificar essas situações e alertar a prefeitura.”

Em uma mostra da preocupação com a repercussão política do caso, um ministro de Lula, falando em reserva ao Valor, lembrou que o aterramento de fios em São Paulo, visto por especialistas como algo que resolveria o problema de apagões causados pela queda de árvores, não consta no PAC Seleções — uma lista de projetos prioritários enviados pelos governadores ao Planalto para constar na carteira de obras do Novo PAC.

Enquanto isso, Nunes e Tarcísio tecem críticas nas redes sociais contra o governo Lula, alegando que a concessão da Enel é federal.

“A concessão da energia elétrica em São Paulo é federal, sendo o Ministério de Minas e Energia e a Aneel os representantes do poder concedente. A eles cabe regular, controlar, fiscalizar e garantir que o serviço prestado esteja adequado. Mais uma vez, a Enel deixou os consumidores de São Paulo na mão”, escreveu Tarcísio na rede X. “Se o Ministério de Minas e Energia e, sobretudo, a Aneel, tiverem respeito com o cidadão paulista, o processo de caducidade será aberto imediatamente.”

Já Ricardo Nunes, que está sob pressão e tenta se reeleger, partiu para o ataque contra Lula e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Em uma postagem, ele exibe um vídeo de junho deste ano em que Lula diz estar “disposto a renovar o acordo” com a Enel, após conversa com o CEO global da empresa.

“Isso é um absurdo. É um descaso atrás de descaso com a população de São Paulo. Milhares de pessoas estão sofrendo e sendo afetadas pelo desserviço da Enel, enquanto o governo federal insiste em manter o contrato com essa empresa ineficiente”, escreveu Nunes. “A falta de ação para resolver os problemas de energia mostra uma preocupante falta de prioridade ao bem-estar dos cidadãos, em especial da cidade de São Paulo.”

Na segunda publicação o alvo foi Silveira.

“No dia do apagão, o Ministro das Minas e Energia Alexandre Silveira, falou em durante um evento com o diretor da Enel, em Roma, na Itália, da possibilidade de renovação dos contratos da Enel no Brasil. São Paulo não merece que a Enel continue prestando seus serviços aqui”, escreveu o prefeito na mesma rede social.

O comportamento do prefeito e do governador gerou irritação no Planalto. Circula entre ministros uma pasta com prints de postagens de ambos nas redes sociais com críticas ao presidente e o governo federal.

Silveira, por sua vez, chamou Nunes de “propagador de fake news” e disse que 50% dos casos de falta de energia na cidade foram causados por quedas de árvores em sistemas de média e baixa tensão.

Equipe da Enel — Foto: Valor Econômico

Fonte: Externa

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