Dermatite, psoríase e mais: veja 6 doenças de pele agravadas no inverno e como evitar crises

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O inverno chegou e, com ele, os dias mais frios e secos. Essa mudança de estação pode parecer acolhedora para muitos, graças ao tempo mais ameno. Mas, para quem sofre com problemas dermatológicos, a estação pode ser um desafio. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), as baixas temperaturas, a umidade reduzida e o hábito de tomar banhos quentes contribuem para o ressecamento da pele nessa época do ano, fragilizando a sua barreira natural e abrindo portas para o surgimento ou intensificação de diversas doenças. A seguir, conheça seis delas e veja como evitar crises nesta época do ano.

Baixa umidade e temperaturas baixas fazem com que a pele fique mais seca, facilitando a manifestação de doenças como a dermatite atópica, mais comum em crianças Foto: Марина Терехова/Adobe Stock

Dermatite seborreica

Conhecida como caspa, ela é uma inflamação na pele que causa principalmente descamação e vermelhidão no couro cabeludo, sobrancelhas, cantos do nariz, orelhas e tórax. Ela provoca uma inflamação, associada ao aumento da oleosidade e à proliferação de fungos superficiais na pele. No inverno, a descamação pode aumentar, como consequência de uma tentativa do corpo de compensar o ressecamento causado pelo tempo frio e os banhos muito quentes.

“A redução da produção natural da oleosidade da pele com os banhos quentes e demorados, combinada com o frio, desencadeia um efeito rebote, informando à pele que ela precisa produzir mais oleosidade para se proteger”, explica Joaquim Xavier, dermatologista do Hospital Sírio-Libanês, em Brasília.

Dermatite atópica

Segundo o Ministério da Saúde, a característica principal dessa doença é a pele seca com coceira constante, que pode provocar ferimentos pelo ato de coçar-se. Não se sabe quais são as causas da dermatite atópica, porém ela costuma estar associada a outras condições médicas, como rinite, asma e bronquite e, normalmente, ocorre entre pessoas da mesma família.

O tempo seco e os longos banhos quentes também podem ser grandes vilões nesses quadros, como explica José Roberto Fraga Filho, médico dermatologista, fundador do Instituto Fraga de Dermatologia e membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). “Isso ocorre porque a água quente faz com que a gente perca a barreira de proteção da pele, propiciando o aparecimento desta doença”, explica.

Psoríase

Esta é uma doença crônica, relativamente comum e não contagiosa, que causa placas avermelhadas e espessadas na pele. A sua causa também não é bem explicada, mas tudo leva a crer que está ligada às células responsáveis pela defesa do organismo.

O ponto é que, de acordo com Xavier, em 85% dos casos de psoríase, o sol age como um bálsamo, ajudando a amenizar essa inflamação. “Por outro lado, durante os períodos frios, a menor exposição ao sol facilita o surgimento de crises de psoríase”, afirma.

Esse fato, associado à falta de hidratação natural no período frio, promove o combo perfeito para a piora dos sintomas da doença, transformando o inverno em um período em que os cuidados devem ser redobrados.

Ictiose vulgar

A ictiose vulgar é uma doença genética que se manifesta com ressecamento excessivo e descamação da pele. Como explica a SBD, as áreas mais atingidas são os membros, podendo afetar também a face e o couro cabeludo.

A doença tende a regredir com o passar dos anos, mas, em casos mais graves, as manifestações podem aparecer na primeira infância, com intensa descamação da pele, couro cabeludo, palmas das mãos e plantas dos pés.

O inverno, com seu clima frio e seco, pode ser um período particularmente desafiador para quem enfrenta a condição. O aparecimento da doença, por ter caráter genético, não pode ser totalmente prevenido. Porém, as manifestações podem ser controladas. Segundo a SBD, recomenda-se ao portador da ictiose vulgar que evite comportamentos que aumentem a secura da pele, como banhos demorados e quentes, além do uso excessivo de sabonete.

Urticária ao frio

“Uma doença que sempre aparece nessa época é a urticária ao frio”, conta Fraga Filho. Com essa condição, o sujeito possui um quadro de alergia ao frio. Isso mesmo. A baixa temperatura age levando a uma crise alérgica em que aparecem placas vermelhas no corpo do paciente, que duram de um a dois minutos, com bastante coceira.

“É uma condição bem específica. O sujeito fica exposto a um ambiente frio e quando sai dele e a pele tem um aumento leve da temperatura, desencadeia o surgimento de urticas”, explica Rosana Lazzarini, médica dermatologista e membro da diretoria da SBD. Segundo ela, é mais comum que a doença atinja pessoas que trabalham em ambientes frios, como fábricas de gelo e frigoríficos.

Rosácea

Essa doença inflamatória causa vermelhidão, inchaço e vasos sanguíneos dilatados no rosto. Classicamente, ela piora com a exposição solar, mas também apresenta alterações nos climas mais gelados, graças à dilatação dos vasos sanguíneos.

Para quem tem a condição, as mudanças bruscas de temperatura e o ar seco são prejudiciais, mas, como explica Rosana, até mesmo as bebidas quentes, mais ingeridas no inverno, não são nada aconchegantes nesse caso. “A ingestão de bebidas quentes, como vinho, chocolate quente e chás, também promove dilatação dos vasos da face e aumento do eritema (vermelhidão da pele)”.

Como evitar crises

A hidratação da pele é fundamental para a prevenção do agravamento das doenças listadas. Cremes que contêm ureia, lactato de amônia e outros componentes hidratantes são recomendados e, idealmente, devem ser utilizados ao menos três vezes ao dia.

Segundo os especialistas, o principal momento para isso é após o banho, quando a pele ainda está úmida, a fim de restaurar a barreira cutânea e manter umidade por mais tempo na camada superficial da pele.

Os dermatologistas entrevistados pelo Estadão também destacam outra medida em comum para evitar crises dessas condições no inverno: evitar banhos muito quentes e demorados. O recomendado é a ducha morna e de duração entre cinco a dez minutos.

É importante, ainda, evitar o uso de buchas, que podem machucar a pele e priorizar o uso de sabonetes líquidos com nível de acidez (PH) mais próximos ao da nossa pele.

Em casos em que as crises são mais intensas, é essencial procurar um médico dermatologista para avaliar a necessidade de associar as medidas ao uso de medicamentos para controle do quadro.

Fonte: Externa

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