Quando lemos a palavra “fosso medieval” imaginamos imediatamente castelos. Esse buraco cheio d’água ao redor de uma construção era uma das principais formas de se defender um local naquela época. Mas será que essas estruturas eram exclusivas da realeza? Um grupo de arqueólogos britânicos acaba de descobrir que não.
Uma equipe da Cotswold Archaeology encontrou um fosso medieval pequeno, mas de “alto significado” perto de Tewkesbury, uma cidade do interior, mais a oeste da Inglaterra.
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A descoberta foi feita enquanto eles exploravam um local chamado Fazenda Cowfield. O terreno, que abrigava uma casa, foi atingido por um grande incêndio em 2004. Os arqueólogos estimam que os achados datem dos séculos XII ou XIII.
Com as investigações, a equipe, em parceria com historiadores, começaram a entender como funcionava a sociedade naquela época. Não em centros urbanos ou nos castelos, mas sim, entre aqueles que viviam no campo.
Os camponeses de Cowfield
- Os fazendeiros de Cowfield criavam ovelhas e vacas – e ganhavam dinheiro com a venda de leite, lã e carne animal.
- Eles não eram, portanto, pobres.
- Estavam numa faixa intermediária da sociedade camponesa: legalmente livres e detentores de terras como inquilinos da Abadia de Tewkesbury, que fica a três quilômetros de distância.
- Como eram de uma espécie de classe média, eles tinham recursos para investir em segurança.
- E é justamente aí que entra o pequeno fosso ao redor da construção, como explicou o arqueólogo Jon Hart, responsável pela expedição:
“Os fossos foram usados em níveis inferiores na escala social para os camponeses mais ricos, os que impulsionavam e agitavam a vida nas aldeias. Um fosso era em parte para segurança, já que não havia força policial; então havia um aspecto prático.”
- Ele acrescentou que o fosso poderia ter uma função um pouco mais inusitada também – a de preservar a fidelidade da mulher do fazendeiro:
“Este estava definitivamente cheio de água, com o simbolismo cristão da pureza e da dona da casa, cuja fidelidade devia ser protegida, rodeada por um simbólico cinto virtuoso de água”, disse o arqueólogo Jon Hart.
Outros objetos encontrados
Falando em simbolismo cristão, os arqueólogos encontraram alguns objetos que remetem ao catolicismo.
Um dos mais curiosos foi uma bandeja de cerâmica decorada com uma representação do arcanjo Miguel batalhando contra Lúcifer, representado por um dragão. A peça, que retrata uma cena bíblica, servia para assar carnes.
Também foi desenterrado um fecho de liga de cobre de um grande livro medieval com capa de couro, provavelmente perdido quando um dos monges fez um balanço da fazenda.
Tem ainda um vaso de cerâmica incomum em forma de balde, do tamanho de uma caneca, e restos do que parecia ser um calçado.
Os estudos no sítio já acabaram e as descobertas arqueológicas ficarão disponíveis para pesquisa através de registro detalhado (escrito, fotográfico e digital) no Museu Tewkesbury.
As informações são da BBC.