O ibuprofeno é um dos medicamentos anti-inflamatórios mais comuns e usados no Brasil. Isso porque, seja na forma de comprimido, em cápsula ou em solução, sua compra não exige receita médica, o que facilita o acesso.
“É importante ressaltar que o Brasil responde por números elevados de automedicação e do consumo inadequado de medicamentos”, alerta o professor Roberto Parise Filho, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Por isso, ainda que seja um remédio bem tolerado e com boa eficácia, o uso do ibuprofeno deve ser feito sempre sob orientação de um profissional, na quantidade e pelo período adequados.
Para que o ibuprofeno é indicado?
No geral, o ibuprofeno não é um medicamento prescrito para curar doenças, mas, sim, para controlar alguns sintomas. Ele é um anti-inflamatório não esteroide (AINE), o que, na prática, significa que age no controle de três estados: dor, febre e processo inflamatório.
Para isso, ele age inibindo não seletivamente as enzimas cicloxigenases (COX1/2), que são essenciais para a formação de prostaglandinas, justamente as substâncias envolvidas na mediação da dor, da febre e da inflamação. Dessa forma, ao inibir as COX, o ibuprofeno reduz a produção de prostaglandinas e, consequentemente, provoca diminuição dos sintomas.
Segundo Parise Filho, o medicamento é indicado para tratar diversos casos, como:
- Dor de cabeça;
- Dores musculares;
- Cólica menstrual;
- Estado febril;
- Artrite reumatoide e outras condições reumáticas.
Outros medicamentos também exercem a mesma função, como o ácido acetilsalicílico, mais conhecido como aspirina, e o naproxeno. A orientação médica depende da condição a ser tratada e da resposta do indivíduo. “Não há uma comparação direta que possa beneficiar o ibuprofeno em detrimento a outros fármacos”, avisa o especialista.
Como tomar ibuprofeno?
É recomendado ingerir ibuprofeno com alimentos ou leite, a fim de minimizar os incômodos gastrointestinais que o medicamento pode causar em jejum. Além disso, o consumo de álcool deve ser evitado, pois há o risco de hemorragia no sistema digestivo.
A depender da forma como é administrado, o medicamento começa a agir entre 30 e 60 minutos após a ingestão, com pico de ação, ou seja, efeito máximo, entre uma e duas horas. Enquanto os sintomas persistirem, ele pode ser tomado a cada quatro ou seis horas de intervalo. Segundo Filho, o uso também pode ser intercalado com outros analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios em situações que requerem menor tempo entre doses.
No entanto, o ibuprofeno deve ser usado por até três dias em casos de febre e sete dias para dores, de forma que seu uso prolongado deve ser evitado. Quando utilizado por muito tempo ou em altas doses, o medicamento oferece riscos cardiovasculares e gastrointestinais, como úlceras e hemorragias, além de provocar danos aos rins e ao fígado.
“Se a dor, febre ou inflamação persistirem, é necessário buscar orientação médica sobre a real causa dos sintomas”, afirma Filho. O paciente pode ultrapassar esse período de uso apenas quando há orientação profissional. Nesses casos, deve haver supervisão médica para monitorar possíveis efeitos adversos.
Quais as reações adversas?
No geral, o ibuprofeno é um medicamento bem tolerado, mas reações adversas podem aparecer. Entre elas, as mais comuns são os problemas gastrintestinais, como
- Dor abdominal
- Náusea
- Indigestão
- Diarreia
Alguns efeitos adversos menos comuns, mas preocupantes, são úlceras gástricas ou duodenais, hemorragias gastrointestinais e reações alérgicas. Nesses casos, o uso deve ser interrompido imediatamente e um médico deve ser acionado.
Quais as contraindicações do ibuprofeno?
O ibuprofeno pode interagir negativamente com alguns anticoagulantes, potencializando o risco de hemorragias. Por isso, a combinação deve ser evitada. Além disso, não deve ser administrado por pessoas com:
- Histórico de úlceras
- Alguma hemorragia gastrointestinal ativa
- Insuficiência renal, hepática ou cardíaca
Para grávidas, o medicamento também é contraindicado, especialmente a partir da 28ª semana de gestação. “O fármaco pode causar problemas no desenvolvimento do bebê, como o fechamento precoce de um importante vaso sanguíneo que é necessário para a circulação do sangue no feto. Ainda, o uso ao final da gravidez também pode levar a atrasos no parto e problemas nos rins do bebê”, explica o professor Roberto Filho.
Em lactantes, pequenas quantidades do ibuprofeno podem passar para o leite materno, mas o uso não é considerado perigoso para o bebê se o medicamento for tomado em baixas doses e por curtos períodos. Já crianças e idosos podem usar o ibuprofeno sob orientação médica, mas geralmente as dosagens são cautelosas, personalizada de acordo com cada organismo.
Outra contraindicação do ibuprofeno é para pessoas que têm alergia ao princípio ativo do medicamento. Muitas vezes, descobre-se essa informação com seu uso, que deve ser imediatamente interrompido.