Segundo mapeamento realizado pelo Observatório do Clima, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), cerca de 3 mil estabelecimentos de saúde podem ter sido impactados de alguma forma pelas inundações no Rio Grande do Sul. Entre esses, estão incluídos consultórios, clínicas, centros de saúde especializados e farmácias. Além disso, territórios já vulneráveis no Estado também sofreram impactos, incluindo mais de 40 comunidades quilombolas, 240 favelas e cinco aldeias indígenas.
Como metodologia, os pesquisadores analisaram as manchas de inundação obtidas via radar e satélite e verificaram os estabelecimentos e territórios localizados nessas áreas, por meio de dados de instituições como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Fundação Palmares e Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
Confira os principais municípios com estabelecimentos de saúde atingidos:
- Porto Alegre: 1.141
- São Leopoldo: 404
- Gravataí: 236
- Montenegro: 223
- Novo Hamburgo: 200
A pesquisadora do Observatório de Clima e Saúde, Renata Gracie, afirmou que o principal objetivo do trabalho é subsidiar ações do poder público e da sociedade civil, tanto no presente quanto no futuro, para a reconstrução e recuperação das áreas atingidas. A pesquisadora destacou, ainda, a necessidade de um cuidado crescente com a saúde das pessoas, que poderão desenvolver doenças de pele, viroses e outras enfermidades relacionadas ao contato com água contaminada e micro-organismos.
“Teremos uma situação complexa devido às doenças que podem surgir. Ao mesmo tempo, muitas unidades de saúde foram inundadas, dificultando o acesso da população a esses serviços. Portanto, esse sistema serve para que os gestores municipais e estaduais compreendam a extensão dos impactos e realizem um diagnóstico da situação”, explicou.
Além disso, Renata afirma que os mapas podem auxiliar a própria população na identificação dos serviços que ainda estão disponíveis nas proximidades.
Regiões vulneráveis
Fora os estabelecimentos de saúde, a nota técnica da Fiocruz destaca que cerca de 2,5 milhões de pessoas foram impactadas pelos eventos climáticos. Entre elas, estão moradores de regiões vulneráveis, como favelas, quilombos e aldeias indígenas. Dessas áreas atingidas pelas chuvas, 167 favelas, cinco aldeias indígenas e sete áreas quilombolas estão em contato direto com as zonas de inundações.
A nota ressalta que a vulnerabilidade dessas comunidades, mais suscetíveis aos riscos à saúde proporcionados pelas enchentes, é agravada por fatores socioeconômicos e pela falta de infraestrutura adequada, desafios comuns em regiões historicamente marginalizadas.
“Essa situação evidencia a necessidade de uma estratégia de saúde pública robusta, que deverá abordar tanto as demandas imediatas quanto o fortalecimento da resiliência das infraestruturas de saúde para futuros eventos. Investimentos em melhorias físicas, treinamento de pessoal para respostas rápidas e sistemas de comunicação eficientes serão vitais para assegurar a integridade da saúde pública”, diz trecho do documento. / COM AGÊNCIA BRASIL