O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), antecipou nesta sexta-feira (13) que a Cemig, estatal de energia do Estado, deve ter lucro recorde neste ano.
“Conversei com o presidente Reynaldo [Passanezi Filho], que me falou que neste ano vai ser recorde de lucro, de Ebitda [um indicador de geração de caixa], de investimentos, de redução em acidentes do trabalho, em qualidade de energia fornecida”, disse Zema em um café com jornalistas em Belo Horizonte.
O governador ainda falou sobre a estratégia de desestatização da empresa, que é transformá-la em uma “corporation”, — sem controlador definido —, a exemplo do que aconteceu com a Eletrobras.
Nesse caso, o governo continuaria com sua participação acionária de 17,04%, mas se tornaria acionista de referência, com poder de veto (“golden share”).
“Não precisamos vender a empresa, se o Estado parar de mandar lá, já fico muito satisfeito. Ele continua a ser acionista, recebe dividendos, a empresa se valoriza. Se amanhã o governo federal tiver interesse no ativo, nós podemos transferir essas ações”, afirmou Zema.
O chefe do Executivo mineiro cita a transferência de ativos dos estados para a União que é prevista pelo Propag, programa de renegociação das dívidas dos Estados que foi aprovado na Câmara dos Deputados na terça (10) e aguarda nova votação no Senado.
O governo mineiro cogita a possibilidade de desestatizar a Cemig e repassar sua fatia na companhia à União como forma de abater os juros da dívida.
Como mostrou a Folha, porém, tanto o mercado financeiro quanto os deputados mineiros veem poucas chances de aprovação das propostas de privatização de Copasa e Cemig na Assembleia Legislativa.
Além dos projetos, o governo estadual ainda aposta numa PEC (Proposta de Emenda à Constituição) em que pede o fim da consulta popular para desestatização de Cemig e Copasa e a redução do número de votos para a privatização de estatais, dos atuais 48 para 39 votos.
O secretário de Governo de Minas, Gustavo Valadares, responsável pela articulação com a Assembleia, admite que hoje as propostas não têm apoio da maioria dos deputados, mas se diz otimista pela reversão do cenário assim que elas começarem a tramitar.
“O governo não se furtará a discutir, seja na assembleia, seja em audiências regionais, a condição das duas empresas. Nós demonstraremos de forma muito clara que não há mais espaço para gestões do Estado nestas duas empresas”, disse Valadares.
O presidente reeleito da Assembleia, Tadeu Leite (MDB), indicou há uma semana que os projetos serão analisados apenas quando o Estado definir a adesão ao Propag.
“É um tema [privatizações] que tem de ser discutido com muita cautela. Nós estamos falando de empresas da população de Minas Gerais, mas eu entendo que o Estado tem que se modernizar. Nós precisamos fazer discussões sem prejudicar a população, os servidores”, disse o presidente do parlamento.
Por volta das 17h, as ações ordinárias da Cemig caíam 0,74%, sendo cotadas a R$ 14,76, enquanto as preferenciais recuavam 0,61%, a R$ 11,43.