Mais pacientes estão sobrevivendo ao câncer nos Estados Unidos, mas a doença está atingindo adultos jovens, de meia-idade e mulheres com mais frequência, informou a American Cancer Society nesta quinta-feira, 16.
Apesar das melhorias gerais na sobrevivência, negros e indígenas americanos estão morrendo de alguns tipos de câncer a taxas duas a três vezes maiores do que as dos norte-americanos brancos.
Essas tendências representam uma mudança marcante para uma doença que há muito tempo é considerada relacionada ao envelhecimento e que costumava afetar muito mais homens do que mulheres.
As mudanças refletem a redução nos casos de câncer relacionados ao tabagismo e de câncer de próstata entre homens mais velhos, além de um aumento preocupante nos casos de câncer entre pessoas nascidas a partir dos anos 1950.
O câncer é a segunda principal causa de morte nos Estados Unidos, mas a principal causa considerando os norte-americanos com menos de 85 anos. O novo relatório projeta que cerca de 2.041.910 novos casos ocorrerão neste ano e que 618.120 morrerão devido à doença.
Seis dos 10 tipos de câncer mais comuns estão em alta, incluindo os de mama e útero. Também estão aumentando os casos de câncer colorretal em pessoas com menos de 65 anos, além de câncer de próstata, melanoma e câncer de pâncreas.
“Essas tendências desfavoráveis estão mais acentuadas entre as mulheres”, disse Rebecca Siegel, pesquisadora de saúde pública da American Cancer Society e primeira autora do relatório. “De todos os tipos de câncer que estão aumentando, alguns estão aumentando em homens, mas o desequilíbrio é evidente — a maior parte desse aumento está ocorrendo em mulheres.”
Mulheres
As mulheres também estão sendo diagnosticadas em idades mais jovens. As taxas de câncer estão aumentando entre mulheres com menos de 50 anos (o chamado câncer de início precoce), assim como entre aquelas de 50 a 64 anos.
Apesar do aumento de alguns tipos de câncer de início precoce, como câncer colorretal e testicular, “as taxas gerais estão estáveis em homens com menos de 50 anos e diminuindo naqueles de 50 a 64 anos”, afirmou Rebecca.
O relatório destaca várias outras tendências preocupantes. Uma delas é o aumento de novos casos de câncer do colo do útero — uma doença amplamente considerada evitável nos Estados Unidos — em mulheres de 30 a 44 anos.
A incidência de câncer do colo do útero despencou desde meados da década de 1970, quando a triagem com o exame de Papanicolau, para detectar alterações pré-cancerosas, tornou-se amplamente disponível. No entanto, pesquisas recentes indicam que muitas mulheres estão adiando visitas aos ginecologistas.
Outra tendência preocupante começou em 2021, quando, pela primeira vez, a incidência de câncer de pulmão em mulheres abaixo de 65 anos ultrapassou a incidência em homens: 15,7 casos por 100 mil mulheres abaixo de 65 anos, em comparação com 15,4 por 100 mil homens.
O câncer de pulmão tem diminuído nas últimas décadas, mas tem caído mais rapidamente entre os homens. As mulheres começaram a fumar mais tarde que os homens e levaram mais tempo para parar.
Também houve aumentos no tabagismo entre pessoas nascidas após 1965, o ano seguinte ao primeiro alerta do cirurgião-geral (espécie de ministro da Saúde nos EUA) de que cigarros causam câncer.
O tabagismo continua sendo a principal causa de morte evitável nos Estados Unidos, sendo responsável por quase 500 mortes por câncer diariamente em 2025, principalmente por meio do câncer de pulmão, informou a American Cancer Society.
“Há uma crescente preocupação de que os cigarros eletrônicos possam contribuir para essa carga no futuro, dado seu potencial carcinogênico e ampla popularidade”, diz o relatório.
As taxas de câncer de mama também vêm aumentando há muitos anos, cerca de 1% ao ano entre 2012 e 2021. O maior aumento tem sido observado em mulheres com menos de 50 anos, e houve aumentos acentuados entre mulheres hispano-americanas, asiático-americanas e nativo-pacífico.
O aumento é impulsionado pela detecção de tumores localizados e certos tipos de câncer impulsionados por hormônios.
Alguns dos aumentos resultam de padrões de fertilidade em mudança. A maternidade e a amamentação protegem contra o câncer de mama, mas mais mulheres americanas estão adiando o nascimento ou optando por não ter filhos.
Outros fatores de risco incluem genética, histórico familiar e o hábito de beber em excesso — uma prática que aumentou entre mulheres com menos de 50 anos. Em mulheres mais velhas, o excesso de peso corporal pode desempenhar um papel no risco de câncer.
O câncer de útero é o único tipo de câncer para o qual a sobrevivência realmente diminuiu nas últimas quatro décadas, segundo o relatório.
As taxas de mortalidade também estão aumentando para o câncer de fígado entre mulheres e para cânceres da cavidade oral para ambos os sexos.
O câncer de pâncreas tem aumentado em incidência entre homens e mulheres por décadas. Ele é atualmente a terceira principal causa de morte por câncer. Assim como muitos outros tipos de câncer, acredita-se que a obesidade contribua.
O que fazer?
Alguns especialistas estão começando a reconhecer que exposições ambientais podem estar contribuindo para o câncer de início precoce, além dos fatores habituais, como estilo de vida, genética e histórico familiar.
“Eu acho que o aumento não apenas de um, mas de uma variedade de cânceres em jovens, particularmente em mulheres, sugere que há algo mais amplo acontecendo do que variações na genética individual ou genética populacional”, afirmou Neil Iyengar, oncologista no Memorial Sloan Kettering Cancer Center.
“Isso aponta fortemente para a possibilidade de que exposições ambientais e nossos estilos de vida nos EUA estejam contribuindo para o aumento dos casos de câncer em jovens.”
Os esforços de saúde pública focados na redução de comportamentos de risco têm se concentrado em pessoas com maior risco e em americanos mais velhos, que ainda carregam a maior parte da carga do câncer, disse ele.
No entanto, os fatores de risco em jovens podem ser diferentes. Pesquisas emergentes sugerem que manter padrões regulares de sono, por exemplo, também pode ajudar a prevenir o câncer, afirmou ele.
Mudanças no estilo de vida e comportamentais podem reduzir o risco de muitos cânceres, afirma Siegel. “Não acho que as pessoas percebam o quanto têm controle sobre seu risco de câncer. Há tanto que todos podemos fazer. Não fumar é o mais importante.”
Entre os outros: manter um peso saudável; não consumir álcool ou consumir com moderação; ter uma dieta rica em frutas e vegetais, e baixa em carne vermelha e processada; atividade física regular; e exames de câncer frequentes.
“Há todas essas coisas que você pode fazer, mas são escolhas individuais, então apenas escolha uma que você possa focar. Pequenas mudanças podem fazer a diferença”, finaliza ela.
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